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Valuation – Nunca se falou tanto sobre isso

Após o boom de startups da última década, a multiplicação de IPOs ao redor do mundo e o sucesso de programas como Shark Tank, que estimulam o empreendedorismo, termos corporativos como M&As (Fusões & Aquisições), Venture Capital (capital de risco), Equity (participação em negócios) se tornaram mais acessíveis e até rotineiros. Esses termos se conectam por um tema comum: o Valuation.

7 min de leitura • 03 de maio de 2023

Após o boom de startups da última década, a multiplicação de IPOs ao redor do mundo e o sucesso de programas como Shark Tank, que estimulam o empreendedorismo, termos corporativos como M&As (Fusões & Aquisições), Venture Capital (capital de risco), Equity (participação em negócios) se tornaram mais acessíveis e até rotineiros. Esses termos se conectam por um tema comum: o Valuation.

Mas afinal, o que é Valuation? 

Vamos dividir a resposta dessa pergunta em duas partes:

A primeira parte é entender a diferença entre valor e preço. Valor vai muito além do preço de um produto ou ativo, é mais complexo e amplo, pois engloba o valor da marca, o valor da utilidade do produto, durabilidade, status que ele gera, conveniência, etc. Um bom exemplo acontece na compra de uma caneta. Uma Bic custa menos de R$10, mas uma Montblanc custa mais de R$1.000. Quem compra a Montblanc paga mais pois percebe maior valor, visto que  tanto a Bic como a Montblanc cumprem a mesma função. O valor pode estar na história de sucesso por trás da compra, por ser um item de maior durabilidade, pode ser uma conquista pessoal, um presente recebido de alguém especial, etc. Enfim, preço e valor são coisas diferentes.

A segunda parte da resposta é que, segundo Aswath Damodaran, reconhecido no mercado financeiro e acadêmico como o papa do Valuation, inclusive tive o privilégio de tê-lo como professor na minha certificação pela New York University em 2020, Valuation não é uma ciência porque não é exata mas também não é uma arte porque não é abstrata e criativa. Valuation é um ofício, quanto mais você faz, mais assertivo você é.

A empresa Amazon, por exemplo, terá um valor X se avaliada como marketplace digital. Se avaliada como uma empresa de tecnologia, que alcança milhões de consumidores no mundo. Considerada como uma grande rede logística ela terá um valor X2. Mas se considerada como uma grande rede logística, que armazena e entrega qualquer coisa, em qualquer lugar do mundo, o valor da empresa será outro. A variação de valores acontece pela história contada por trás do business case da Amazon e de como enxergamos o seu potencial.

O que mais aprendi com o professor Damodaran foi: não há exatidão no valor de uma determinada empresa, mas existe consistência na história que você conta através das suas projeções. Por isso, todo Valuation precisa estar embasado numa boa história. É ela que convence empresas investidoras, mercado financeiro, especialistas e até mesmo você, que investe na bolsa de valores, que o valor daquela empresa ou daquela ação é justo!

Ser um bom contador de histórias é suficiente?

Absolutamente não! Mas a história é parte essencial. A análise de dados também é imprescindível, mas dados e história caminham juntos, nunca separados. Não adianta ter vários dados financeiros e não conseguir contar a história por trás deles. Também não adianta contar uma boa história sem embasamento que gera credibilidade. Uma startup sem histórico não pode apenas vender sonhos, precisa ter um produto testado, (o MVP = Produto Mínimo Viável) que convença que aquele produto/serviço tem escala e potencial de recompra. Já uma empresa mais consolidada e com histórico financeiro, índices de performance operacional são fundamentais para embasar a história. Mas só índices não são suficientes, é preciso enxergar o ambiente e o contexto que aquele negócio está inserido (mercado, contexto político e monetário, público alvo, geografia, concorrentes, diferencial competitivo da sua empresa, satisfação do seu cliente, etc.). Dados e história, andando juntos!

Pode não ser uma ciência exata, mas existem métodos para se fazer um valuation. Os três principais são:

  • Método comparativo de múltiplos: O método de múltiplos é um dos mais usados no mercado porque não precisa de projeções sofisticadas. Neste método comparamos a empresa com similares no mercado e usamos múltiplos de lucro, faturamento e outras métricas financeiras para chegar ao valor do negócio. Se uma empresa gera R$500 mil de lucro operacional no ano (ou chamado de EBITDA) e as empresas similares que já passaram por transações de M&A, IPO, etc. estão sendo negociadas no mercado a 8 vezes o EBITDA, essa empresa valeria R$500 mil vezes 8, ou seja, 4 milhões. Todos os métodos de valuation possuem fragilidades, nesse caso, os múltiplos podem não ser 100% comparáveis por  fatores como especificidades do produto, público-alvo, qualidade da gestão da empresa, tamanho da estrutura organizacional, etc.
  • Método de Fluxo de Caixa Descontado: Esse método exige mais informações financeiras que o método anterior e é muito usado no mercado de M&A quando há transação com empresas que possuem histórico. Nele, utiliza-se a projeção do fluxo de caixa futuro da empresa, trazendo essa projeção para valores de hoje (VPL), descontando o quanto custa para o investidor colocar dinheiro naquele negócio, incluindo o risco de o negócio não vingar. Nesse método, a fragilidade está na consistência da história contada e em imprevistos, como a Pandemia do Covid-19, por exemplo. A projeção é baseada em previsões futuras e qualquer desvio pode minar o valuation, por isso, uma atitude conservadora é ideal.
  • Método do Valor Patrimonial: Se baseia no valor contábil da empresa, ou seja, o valor de seus ativos menos o valor de suas obrigações. É mais adequado para empresas que possuem uma quantidade significativa de ativos tangíveis, como imóveis, máquinas e equipamentos. Essa mesma avaliação pode subestimar o valor de empresas com ativos intangíveis, como marcas, patentes e know-how. Além disso, o valor contábil dos ativos pode não refletir o valor de mercado desses bens, mascarando possíveis deflatores na avaliação correta.

Evite cair em armadilhas ao fazer o valuation de uma empresa

  1. Evite o Bias (viés): Não se baseie na emoção ou na paixão/ódio pelo negócio avaliado. Se baseie em dados (externos e internos, financeiros e não financeiros). Achar um produto, serviço ou marca fantásticos não significa que eles sejam um bom negócio e que irão gerar retorno aos investidores.
  2. Sempre considere os riscos: Todo investimento envolve riscos, que podem ser de natureza financeira, regulatória, legal, operacional, entre outros. Ignorar ou subestimar esses riscos pode levar a uma avaliação superestimada e a decisões equivocadas.
  3. Não deixe de analisar os concorrentes: A falha ou falta de análise da barreira de entrada, ou seja, se o negócio é inovador, não significa que ao longo dos próximos anos não vão surgir empresas similares ou melhores. Quem imaginaria que a Amazon e Netflix poderiam chegar a ser o que são hoje? Talvez os varejistas tradicionais e a Blockbuster não enxergaram isso há 20 anos, portanto, nunca subestime a capacidade de outros se tornarem melhores que você, isso pode te cegar, estagnar e levar sua empresa a um ciclo de queda, sem possibilidade de volta.
  4. Não basta ser bom contador de histórias, tem que acreditar nelas: Uma das frases do professor Damodaran é: “me conte quem está fazendo o valuation e eu te direi qual valor que ele dará à empresa”. Dependendo de que lado da negociação você está, dará um valor diferente à empresa. O dono do negócio vai dar um valor, o escritório de M&A, que está fazendo a avaliação, dará outro; o comprador interessado no negócio dará outro valor. No processo de valuation, o importante é que a história seja consistente, tenha base sólida de dados e claro, que você acredite na história que está contando.