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Com o consumo em baixa, vale a pena abrir um negócio na pandemia?

10 min de leitura • 27 de outubro de 2020

“O cenário é de taxa de juros muito baixas e as pessoas vão ter de escolher onde aplicar. Por conta disso, nasce uma estrada perfeita para o empreendedorismo no Brasil”.

Originalmente publicada em cnnbrasil.com.br

A afirmação é de Rony Meisler, CEO da Reserva e reflete o sentimento de muita gente que está pensando em empreender.

E Meisler, assim como diversos empresários do varejo, esperam que esse empreendedorismo se converta em novas franquias.

De fato, abrir uma franquia representa um risco menor do que se aventurar sozinho na abertura de uma loja.

Com o apoio de uma empresa já estabelecida no mercado, que possui uma base de clientes e processos definidos, além de uma marca forte, empreender fica mais fácil. E, com a crise e a quantidade de descontos no mercado, está mais barato abrir uma franquia.

Os candidatos a empresários, no entanto, precisam levar em conta fatores como a diminuição do consumo e da renda durante a crise antes de assinar um contrato.

E o tempo da pandemia serviu para mostrar aos franqueados que o sonho não é tão bonito quanto muitos vendem. O faturamento médio do setor de franquias caiu 30,1% em junho – enquanto o varejo, medido pelo Índice Cielo do Varejo Ampliado, reduziu cerca de 24%.

Melhora gradual

A situação ainda é ruim, é verdade, porém tem melhorado em comparação aos últimos meses. Em maio, a queda nas vendas foi de 41%, enquanto em abril, o pior de todos, a redução foi de 48,2%. Os dados são da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

“Eu vejo uma recuperação do setor de franchising. Cada mês que passa, com as reaberturas, vamos conseguir recuperar o faturamento”, diz o presidente da ABF, André Friedheim.

Mesmo na crise, abrir uma franquia tem as suas vantagens. A principal delas é o apoio das franqueadoras em todas as áreas da operação, da abertura do negócio às operações do dia a dia.

Essa relação de “pai e filho” faz das franquias um bom tipo de investimento, mesmo no meio de uma crise. Pelo menos é o que dizem representantes do setor – e é bom destacar que existem bons e maus franqueadores (como existem bons e maus franqueados).

Aumento da proximidade

“O franqueado nunca se sentiu tão perto da franqueadora. Se estivessem sozinhos nesse momento, os empresários teriam muito mais dificuldade”, diz Adir Ribeiro, especialista em gestão estratégica do Franchising e CEO da consultoria Praxis Business.

Esse espírito de colaboração pode ser visto na relação da Cacau Show com seus mais de dois mil franqueados no pior momento da pandemia para a economia. Quando a empresa viu 90% de suas lojas fecharem da noite para o dia, ela correu atrás do prejuízo. A forma encontrada foi intensificar o processo de digitalização.

Durante a pandemia, a marca de chocolates passou a entregar os seus produtos na casa do consumidor através de uma parceria com o iFood e um canal próprio para as entregas. “Nosso diferencial foi o movimento para se digitalizar aliado a uma marca que se demonstrou resiliente”, diz Daniel Roque, diretor de Canais e Expansão da Cacau Show.

A estratégia deu resultado, mesmo no início da pandemia. Prova disso foram os resultados da Páscoa, comemorada no dia 12 de abril (ou seja, bem no início da quarentena) e fez o setor amargar vendas de até 30%.

Na Cacau Show, com uma política de descontos e distribuição entre franqueados, houve vendas de 90% dos chocolates produzidos.

Mais barato

Como o momento é de recuperação na maioria dos setores da economia, negociar ficou mais fácil. As franqueadoras que ainda pensam em expandir suas operações precisam oferecer benefícios a quem

Entram nos pacotes benefícios como redução das taxas de franquia – valor pago pelos franqueados após a assinatura do contrato pelo uso da marca da empresa –, descontos no primeiro estoque e conversão das taxas iniciais em investimentos em marketing digital para as novas operações.

A Cacau Show, por exemplo, foi mais flexível nas taxas de franquia e negociou os preços com os novos franqueados. A taxa de investimento inicial varia de R$ 139 mil, quando o franqueado quer abrir um quiosque, até R$ 165 mil – os preços, claro, podem aumentar dependendo do ponto e do tamanho da unidade.

Esses valores, no entanto, tiveram uma redução após negociação com os novos franquados. “Foram analisados caso a caso”, diz Roque.

Além disso, deu descontos para os empresários adquirirem seus primeiros estoques. “O investidor vai participar de um negócio muito estruturado e não vamos deixar ele cair na zona de conforto ou que ele feche”, garante Roque.

Além da negociação com as franqueadoras, outros fatores ajudam a enxugar os custos iniciais para abrir uma franquia. As empresas conseguem melhores condições com as gestoras de shopping centers, espaços comerciais e outros fornecedores que tiveram seus negócios impactados pelo isolamento social e agora tentam retomar o faturamento pré-crise.

Faturamento menor

Ao mesmo tempo que o custos estão mais baixos, o consumo também não anima. O que os potenciais franqueados poderiam economizar na abertura dos negócios pode ser visto como compensação pelo baixo nível de faturamento que vão enfrentar até que o desemprego diminua e os consumidores estejam mais confiantes para gastar.

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que mostra a sensação do consumidor em relação à sua situação econômica e a do país, chegou a 71,1 pontos em junho. A escala vai de zero a 200. O índice abaixo de 100 mostra pessimismo.

“O que você tem que imaginar é que o patamar de vendas agora estará muito abaixo do que em condições normais”, diz Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores.

“Quando fizer seu plano de negócios, o investidor precisa calcular que terá de seis meses a um ano terão de vendas abaixo do que o franqueado mostra no momento de fechar o contrato.”

A pesquisa da ABF, mostrou que 31,4% dos empresários do setor esperam retomada dos níveis de faturamento pré-crise somente no primeiro trimestre de 2021.

Otimismo em cena

Mesmo assim, há empresários otimistas ainda para 2020. Um dos casos é do empresário José Carlos Semenzato, dono da holding SMZTO, que agrega 14 marcas de franquias de setores variados – de depilação a laser até venda de açaí.

Segundo Semenzato, em entrevista recente ao CNN Business, das 2,2 mil lojas franqueadas que formam a SMZTO, cerca de 400 foram abertas neste ano. A ideia é inaugurar outras 500 até dezembro.

Apesar de Semenzato pregar que o segmento de franquias é resiliente nas crises porque com a alta do desemprego a busca por investimentos seguros cresce (para ele, as franquias se enquadram nesse nicho porque têm modelos de negócio já testados), as vendas de novas unidades da holding caíram pela metade durante os piores momentos da pandemia, em abril e maio.

“Os outros 50% estão ou estavam em um período de dormência”, diz o empresário. “Mas o apetite está grande. De julho em diante eu já pretendo bater a meta normalmente e, de agosto a setembro, queremos superá-la, tirar esse ‘gap’ de dois, três meses que tivemos.”

Procura-se (bons) franqueados

A opinião de Semenzato também é compartilhada por Meisler, da Reserva. “Muita gente boa vai estar sem emprego”, diz ele. Acertada ou não, a estratégia de empreender depois de perder o emprego é popular no Brasil. E com a diminuição dos postos de trabalho, esta é uma opção que pode ganhar força.

Ao mesmo tempo, as franqueadoras querem atrair os investidores e afastar a possibilidade de ter em suas redes “franqueados ruins”.

Ana Paula Tozzi afirma que, durante a crise, viu franqueados investindo na estrutura de seus negócios para “diminuir o risco de ter um franqueado ruim”. Essas empresas investiram para oferecer aos franqueados treinamentos melhores.

Isso mostra que as franqueadoras não estão preocupadas apenas em crescer. Manter um padrão de qualidade ganhou ainda mais importância num contexto onde o consumidor não quer arriscar e recorre às marcas em que já confia. “Modelos mais enxutos vão prosperar, agora não há mais espaço para gordura”, diz Adir Ribeiro.

A própria Reserva colocou os planos de expansão na geladeira. A empresa decidiu apertar o cinto para não sofrer mais e ter caixa suficiente para ajudar os seus franqueados.

Prova disso foi que a empresa postergou diversos boletos que eles tinham que pagar e ainda criou um sistema para unificar todos os estoques e facilitar a venda digital.

Dados a seu favor

Batizado de Now, a ideia consiste em montar uma base de dados dos clientes e colocar os vendedores para ter um contato assíduo com eles – não só para comercializar, mas também para ajudar os clientes com dicas de estilo.

Para conseguir fazer com que as roupas chegassem mais rápido às casas das pessoas, também foi criado um sistema de estoque em que seria entregue para o cliente a roupa mais próxima da casa dele – seja de loja própria, franquia ou até mesmo multimarcas.

Isso aconteceu até para não causar ainda mais danos para a cadeia da Reserva como um todo. “Ficamos lado a lado dos nossos franqueados”, diz Meisler.

Mas o interesse por aberturas tem voltado a cresceu. A Cacau Show, por exemplo, viu uma redução de 80% no número de novos candidatos a franqueados no pior momento da crise, em abril.

Depois, houve retomada no número de pessoas que procuram a marca para empreender, com um fator interessante: a taxa de conversão entre os que procuram informações sobre abertura de franquia e os que realmente fecham negócio cresceu quase cinco vezes. O primeiro fator que levou à procura é a confiança na retomada da economia.

Afinal, vale a pena? 

De fato, abrir uma franquia está mais barato diante do montante de descontos por aí. Mas não é preciso ser especialista em economia para saber que preços baixos significam demanda menor.

Portanto, o investidor tem sim boas oportunidades nesse setor quando o assunto é custo, mas precisa calcular se consegue aguentar meses com faturamento abaixo do normal. Ou seja, é preciso pensar como um investimento de longo prazo.

Esse é um movimento que pode ser interessante para quem já planejava empreender antes da crise, o que (provavelmente) significa que essa pessoa guardou dinheiro e se preparou para esse investimento.

Quem está nesse grupo consegue preços mais baixos e tem uma reserva para resistir à redução do consumo.

Aqui, entram exercícios simples que todo investidor precisa fazer, independentemente da modalidade do investimento: pesquisar e planejar.

“É preciso se perguntar onde se enxerga em quatro ou cinco anos, quando o desemprego estiver em patamares normais”, aconselha a CEO da AGR consultores. Além disso, pesquisar (muito) sobre o segmento faz parte das tarefas mais básica antes de abrir uma franquia.

Para Daniel Roque, da Cacau Show, “se esse é seu projeto, e você está com suas contas em ordem, este é um bom momento” para investir em franquias. “É um modelo seguro”.

Fonte: CNN Business