Bruno Semenzato, diretor geral da SMZTO, comenta sobre a responsabilidade no momento atual, e traz uma reflexão baseada no livro “12 Regras para a Vida.” Afinal, por que temos tanta necessidade em estar com a razão?
Por que queremos tanto e a todo instante estar certos? Muitos devem concordar que estamos vivendo uma crise de falta de responsabilidade no Brasil e no mundo. Líderes que ao invés de criar um ambiente colaborativo e consequentemente fundamentado em bases mais sólidas, optam pelo caminho da solidão, da ausência, do distanciamento, do ego. Refleti muito sobre este tema ao longo dos últimos meses e enquanto lia “12 Regras para a Vida”, de Peterson, me deparei com um trecho marcante e que gostaria de comentar.
Segundo Peterson:
“Quero dizer novamente: a grande tentação da faculdade racional é glorificar sua própria capacidade e suas próprias criações, alegando que em face de suas teorias nada que seja transcendente ou fora de seus domínios precisa existir. Isso quer dizer que nada de importante permanece desconhecido. Mas, ainda mais importante, isso significa a negação da necessidade de uma confrontação individual corajosa com o Ser. O que o salvará? O totalitarismo diz, em essência: “Você deve contar com a fé naquilo que já sabe”. Mas não é isso que o salva. O que o salva é a disposição de aprender com aquilo que você não sabe. Essa é a fé na possibilidade da transformação humana. Essa é a fé no sacrifício do eu atual pelo eu que pode vir a ser. O totalitário nega a necessidade do indivíduo de assumir a responsabilidade máxima pelo Ser.”
Por que queremos tanto e a todo instante estar certos? Por que ao invés disso não preferimos acertar? Existe uma diferença grande entre querer estar certo e querer acertar. Você pode acertar estando errado. Melhor ainda, você pode reduzir substancialmente a probabilidade de cometer erros graves. Parece um conceito muito simples, mas todos nós temos uma dificuldade grande em isolar essa necessidade de estar sempre certo. Quanto mais estudamos, mais argumentos temos para justificar algo – e isso pode nos fazer parecer bons – mas isso não significa que estamos certos.
Todavia, muitos nem buscam mais conhecimento para pelo menos justificar seu ponto vista (que está sempre correto). Esses preferem já declarar como encerrada a discussão antes mesmo de começar. Eles fogem do planejamento, se isolam na verdade ou mentira deles, vivem em um mundo à parte. Pior ainda, nunca erram ou vão errar. Se isentam de qualquer responsabilidade, pois são seres superiores, divinos. A falta de responsabilidade, porém, costuma vir com a falta de respeito, a negação à evolução, imponderação, desatenção, descuido, inconsequência, temeridade, negligência, inconsideração. Mas talvez essas sejam obrigações dos meros mortais, dos perdedores, dos medrosos. Não faria mais sentido acreditar e lutar pela transformação humana? Não faria mais sentido querer acertar – unidos como um time – do que querer estar sempre certo? O que estar certo significa? Talvez você esteja certo apenas até alguém chegar com a próxima “verdade”. Talvez essa seja uma tarefa para nós, os seres humanos “secundários”.